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És homem e gostavas de deixar o teu próprio testemunho sobre como a masculinidade tóxica te condiciona ou já condicionou?

Então preenche este formulário anónimo e partilha a tua história ↓

A mudança começa em ti

  • Autoquestiona-te

  • Quebra os estereótipos que te foram impostos

  • Convida amigos e familiares a discutir esta temática

  • Se presenciares algo que alimente a masculinidade tóxica e a violência, pronuncia-te ou chama ajuda

  • Se te sentires sozinho, desamparado ou com pensamentos que te possam colocar em perigo, não tenhas vergonha, pede ajuda (vê aqui como)

  • Partilha esta exposição e convida amigos e familiares a visitar a mesma para juntos levarmos esta mensagem a mais pessoas

Gostavas de apoiar a APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima? Vê aqui como podes ajudar


Manifesto

"Não sejas mariquinhas"
"Homens não choram"
"Sentimentos é coisa de mulheres"
"Tens de ser agressivo"
"Não sejas tão feminino, pareces gay"
"Homem que é homem..."


Hoje (e atrevo-me a dizer, desde sempre) a masculinidade tóxica é a raiz dos maiores problemas que enfrentamos enquanto sociedade:
- Altas taxas de suicídio masculino
- Misoginia
- Violência
- Homofobia, transfobia e bifobia
- Racismo
- Bullying

Enquanto sociedade, temos falhado em quebrar este tipo de estereótipos, continuando a alimentar as mesmas ideologias antiquadas que não nos trouxeram nada além de dor e destruição no passado. E é exactamente por isso que, década após década, continuamos a lidar exatamente com os mesmos problemas, como guerras e declínio da saúde mental.

O problema não reside na masculinidade em si mas sim nestas crenças e sistemas limitadores que oprimem os homens (e consequentemente outros géneros), impedindo-os de se sentirem livres e seguros para expressar as suas emoções, pressionando-os a serem algo que não são e colocando-os nesta pressão constante que os levará a estados de depressão profundos, violência e até suicídio.

Segundo a Organização Mundial de Saúde a taxa de suicídio masculino é mais do dobro da taxa de suicídio feminino (12.6 por 100 000 homens comparado com 5.4 por 100 000 mulheres) sendo que em países desenvolvidos esta taxa é ainda superior (16.5 por 100 000 homens).

No primeiro semestre de 2023 foram registadas em Portugal 14.863 vítimas de violência de género tendo 1450 sido acolhidas pela Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica. Dos adultos, 98% são mulheres (dados recolhidos pelo Jornal Expresso).

Seja por vergonha de falar e ser considerado fraco ou porque a sociedade os condiciona a ser fortes o tempo todo e isso se traduz numa exacerbação da violência, o que é certo é que a masculinidade tóxica é a raiz de uma crise social que dura há séculos. É urgente mudar!

Phoenix é um projecto fotográfico que visa contar a história da opressão e libertação masculina com o objetivo principal de conscientizar e abrir uma discussão sobre a masculinidade tóxica.

Phoenix conta com o apoio da APAV

APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, é uma associação sem fins lucrativos e de utilidade pública que trabalha há 33 anos em prol da defesa dos direitos e apoio às vítimas de todos os crimes, suas famílias e amigos.

A APAV, através dos seus 75 serviços de proximidade a nível nacional, assegura serviços de apoio à vítima, gratuitos, independentes, individualizados, qualificados e confidenciais garantindo que a vítima é ouvida, reconhecida e compreendida.

A APAV presta um suporte especializado em diferentes níveis complementares: jurídico, emocional, prático, psicológico e social.   

A APAV apoia a vítima na superação do impacto do crime (emocional, psicológico, físico, financeiro e outros) e ajuda na mitigação dos seus efeitos negativos.

Todos podemos  um dia ser vítima de crime. 

O seu apoio faz toda a diferença. 

Patrícia Nunes

Nascida e criada em Lisboa, formou-se em Cenografia na Faculdade de Arquitectura de Lisboa em 2014. Por falta de oportunidades no mercado artístico, enveredou por um caminho independente tendo-se iniciado na animação de eventos e design em 2015, empresa que mantém até hoje. Em 2017 profissionalizou-se em fotografia com ênfase em fotografia de retrato.

Após a pandemia iniciou a sua experimentação com fotografia conceptual unindo assim a sua arte ao activismo social, de onde resulta então o projecto Phoenix tendo o primeiro capítulo do mesmo retratado a opressão feminina e o segundo, agora em exibição, a masculinidade tóxica.

Testemunhos

  • “Com o tempo e auto questionamento, Senti e percebi que para ser um homem hetero tenho de seguir directrizes para pertencer aos grupos em que fazia e faço parte, como por exemplo a família, ou grupo de amigos de infância. Onde os meus sentimentos, gostos musicais, roupas ou sonhos, são criticados de forma pejorativa. Criando limitações na descoberta de mim próprio.”

    — Anónimo, 31 anos - Lisboa

  • “Tudo começa com um comentário "inocente" como: "os meninos não brincam com bonecas", "tu és diferente", "os meninos não se comportam assim", "mas tu gostas desse tipo de música? Isso não é de gajo", "como assim tu não jogas à bola e não gostas de futebol?!", "hmmmm só pode ser gay, ele só se dá com miúdas", e tantas outras frases ditas e ouvidas que julgam, menosprezam e colocam um homem numa caixa estereotipada.

    Quando dás por isso tens aquela vozinha a criticar-te e a dizer "não podes comprar roupa rosa porque não é de homem", "cuidado com a maneira como andas ou te sentas porque isso não é macho", "não mostres emoções, não chores, não abraces, não rias em demasia porque nada disso é de homem". E a caixinha vai se enchendo de comentários, repressões e condicionantes até que te olhas ao espelho e já te perdeste pelo caminho.

    Hoje os comentários apesar de serem mais discretos estão lá, os olhares está lá, mas pior que tudo o trauma está lá.

    Eu tenho a sorte de ter uma estrutura familiar e de amigos que me entende e apoia, muitos homens não têm essa estrutura. Daí à ansiedade, depressão e suicídio é um passo.”

    — Rui Cardoso, 39 anos - Seixal, Setúbal

  • “Frases como "um homem não chora" ou "queres parecer um maricas? Olha esses trejeitos" marcaram muito a minha vida. A nível físico sempre fui uma pessoa muito relaxada e então os tais "trejeitos" eram como o meu corpo se sentia relaxado naquela posição, mas forçavam-me a estar sempre em tensão porque era homem. Além disso sempre fui uma pessoa muito empática, então nunca tive muita dificuldade em colocar-me no papel do outro. E quando via cenas (histórias reais, filmes ou novelas) bastante fortes eu ficava emocionado e tinha de esconder isso para não mostrar para quem estivesse comigo para não sofrer bullying.”

    — Pedro Silva, 33 anos - Porto

  • “Eu acredito que (a masculinidade tóxica me) irá condicionar para sempre. Mesmo que esteja mais consciente, nós homens somos formatados para cumprir esse papel de homem. O homem que não chora, que não lida com os seus sentimentos e emoções, o homem sexualmente activo e que não falha, um homem que cumpre sempre em todos os papéis. “

    — Paulo, 48 anos - Lisboa

  • “Sinto que o meu divórcio foi uma carta de amor à resistência contra a masculinidade tóxica.”

    — Anónimo, 33 anos - Lisboa

  • “Sentir que tenho de me rir de piadas de grupos de amigos que se for a ver não têm piada nenhuma.

    Sentir que não posso receber amor e carinho de um homem como amigo.

    Sentir que tenho de ser provedor da minha parceira e ganhar mais que ela.”

    — Diogo Cardoso, 31 anos - Aveiro

  • “ (a masculinidade tóxica condiciona-me) na minha forma de tentar ter uma relação amorosa e mesmo na própria sexualidade.”

    — Anónimo, 35 anos - Sacavém, Lisboa

  • “Já me colocou a questionar o meu valor e a duvidar de mim porque ouvi vezes sem conta e senti no silêncio ou num olhar que as mulheres não percebem nada disto. “

    — Anónimo, 43 anos - Porto

  • “O bullying (que sofri) quando eu era criança fez com que não confie em homens e me sinta desconfortável quando rodeado de homens”

    — Anónimo, 43 anos - Lisboa